Tratamento da Depressão – Remédio ou Psicoterapia?

3/3 Tratamento da Depressão – Remédio ou Psicoterapia?

08/11/2019

Este post é a última parte de um artigo de autoria do Psicólogo Domingos.
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O tratamento psicológico mais ajustado

Por outro lado, conforme Coimbra e Kantorski (2005), uma característica básica do tratamento do paciente que está deprimido é o acolhimento. O acolhimento do paciente é sempre uma tarefa necessária no atendimento psicológico, do contrário corre-se o risco de não se construir uma relação transferencial.

E conquanto todos os pacientes sejam entes singulares e demandem atenção específica, com um atendimento que se ajuste às suas idiossincrasias, o que se pretende apontar aqui é que o acometido pela depressão está num influxo que demanda um olhar responsável, que inclua seu momento existencial, considerando inclusive os riscos de suicídio, pois embora não seja possível prever o suicídio é importante que: “os profissionais de psicologia e da área de saúde de maneira geral, tenham alguns parâmetros para identificar seus indícios, avaliar os níveis de risco e intervir nas situações (FUKUMITSU, 2013, p.11).

É fundamental, também, considerar todo o contexto que envolva o paciente com depressão, seja familiar, social, profissional e seu histórico, mas sobretudo se importar com seu momento, dar espaço para que ele dê direção e sentido ao seu estado depressivo, para então se pensar em outros mecanismos terapêuticos, a partir da prática de cada linha teórica, conforme Berlink e Fédida (2000).

Outra característica a ser observada nesse processo terapêutico é o tempo. O paciente deprimido precisa de um tempo que possibilite manifestação da fala, da sua autoexpressão, e esse tempo pode ser mais longo do que o de pacientes com outras demandas, ou seja, “o tratamento psicoterapêutico da depressão exige, portanto, um tempo, um verdadeiro ciclo” [...](BERLINK; FÉDIDA, 2000, p. 21).

Outro elemento imprescindível na clínica da depressão é o cuidado com o diagnóstico aprisionador, com os rótulos e com os estigmas que decorrem da “doença”. Conforme já demonstrado, há muita controvérsia acerca do diagnóstico em depressão, e o termo em si produz aprisionamento. De acordo com Oliveira e Coutinho (2006), é necessária cautela ao se abordar o assunto depressão com os pacientes, pois não se deve fortalecer o estigma da doença depressão. O paciente tem uma demanda, uma fala e um sentido a dar ao seu sofrimento, não sendo necessário agravá-lo com diagnósticos e rótulos que só reforçam o problema.

A aceitação social é um fator importante para o estabelecimento das relações e a falta dela pode agravar o sofrimento dos acometidos por depressão, e nessa medida o próprio rótulo de portador de transtorno mental é um problema, pois produz indiferença social e familiar. Tal como o afirmado por Tung:

[...] o diagnóstico médico de doença mental, emerge imediatamente uma série de preconceitos associados a essa condição: incurabilidade, desfiguramento da personalidade, incapacidade total e absoluta, isolamento forçado da sociedade, perda total da liberdade e de livre-arbítrio. (TUNG, 2007, p.9).

Um outro aspecto a ser enfrentado na clínica da depressão é o sentimento de pouco valor, de insignificância do ser, pois há no ser humano um desejo legítimo por aceitação, contudo essa demanda muitas vezes pode não ser preenchida em função da depressão.

Conforme indica Berlink e Fédida (2000), as exigências do mundo contemporâneo são o sucesso, a performance, a eficiência prática e pragmática, a fama, a produção material e o consumo. Em outras palavras, o que se ensaia na atualidade é um mundo em que o sucesso é vendido e desejado, portanto, não há espaço para sujeitos deprimidos e improdutivos.

Dentro desse desenho perfunctório da clínica da depressão, é crucial compreender que o suicídio é uma escolha para quem se enxerga sem escolhas alternativas. Ou seja, é imperioso no acompanhamento clínico da depressão, que o terapeuta ajude o paciente a questionar essa forma restritiva de conceber a sua própria situação, como indica (FUKUMITSU, 2013, p.15):

Do ponto de vista de alguns clientes, o suicídio se revela como a última escolha de suas vidas, pois pelo seu ato suicida, a pessoa desnuda o tamanho de seu desespero humano e não se dá mais a oportunidade de buscar seu próprio sentido de vida.

Essa rigidez na sua autoinflexão precisa ser abordada no setting terapêutico, de modo a favorecer ao paciente a construção de novas soluções para si, sem ignorar em momento algum a validade do sofrimento que há nas autopercepções do paciente, mesmo que aparentemente obtusas e incoerentes, pois o sofrimento é dele e é subjetivo.

Segundo alguns teóricos, tais como Oliveira e Coutinho (2006), para o dia a dia do paciente pode-se dizer que medidas prescritivas e preventivas são eficazes, com objetivo de contornar problemas detectados durante a avaliação do risco. Contudo, esse “tipo de intervenção não pode ser arbitrário ou eliminar a privacidade do paciente e de qualquer familiar que resida na casa. (OLIVEIRA; COUTINHO, 2006, p. 161).

Por fim, no que se refere a Terapia Cognitiva Integrativa, a verificação dos esquemas cognitivos centrais disfuncionais, bem como das estratégias intermediárias e dos pensamentos automáticos eliciadores de sentimentos depressivos são cruciais para o correto mapeamento do paciente.

Uma vez estabelecido esse mapeamento, conceituação cognitiva, ações de reestruturação cognitiva e de elevação dos reforçadores sociais, relacionais, profissionais são importantíssimas. Para isso é preciso incorporar atividades sociais, físicas, contemplativas, profissionais, reflexivas, recreativas e românticas; assim como melhorar a alimentação e a qualidade do sono.

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Psicólogo Domingos

Atuo com um sistema de psicoterapia bastante eficaz e integrativa, que torna o proceso terapêutico mais enxuto e produtivo, adequando-se a cada paciente.

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Domingos Fernandes - Doctoralia.com.br