Tratamento da Depressão – Remédio ou Psicoterapia?

1/3 Tratamento da Depressão – Remédio ou Psicoterapia?

08/11/2019

Basta tomar antidepressivo que eu vou ficar curado? Para responder a essa pergunta é necessário enfrentar uma certa visão reducionista da saúde humana, pois no escopo do paradigma científico cartesiano/positivista não resta muito espaço à singularidade, pois é preciso uniformização. O ser humano precisa ser catalogável como um grupo com características bio/fisiológicas comuns, para que então seja previsível, tratável e objetivável, como o indicado por Machado e Ferreira (2014).

Com esse modelo científico em atuação, pode-se dizer que toda a gama de características singulares com seus atravessamentos psicossociais são postos de lado. E o diagnóstico, como já apontado, “exclui do quadro todos os fatores sociais e psicológicos envolvidos na instalação do suposto quadro depressivo”. (PIGNARRE, 2012, apud MACHADO; FERREIRA, p.140).

Se o que é resta na investigação científica do ser humano são os componentes bio/fisiológicos, parece não haver outro caminho senão o da medicalização, e é por isso que o tratamento medicamentoso é tão prescrito, conforme Machado e Ferreira (2014).

Mesmo porque, na contemporaneidade, o que se vive é uma busca por eliminar o sofrimento e abrir espaço para performar um sucesso propagandeado, idealizado e desejado pelo indivíduo. Nesse contexto de sucesso necessário e de performance exigida, a tristeza e o sofrimento, experiências inerentes à própria existência, precisam ser extirpados, não havendo espaço para perda de tempo com autoconhecimento, com autoinvestigação, com psicoterapia.

E por isso as drogas, os psicofármacos e os remédios em geral, são indicados como o caminho fácil, rápido e garantido da cura. Dentre esse panteão de drogas lícitas, destacam-se os antidepressivos como as pílulas da felicidade, como a cura para todo e qualquer abatimento da alma, conforme Peres (2002).

Com a medicalização da vida é possível e muitas vezes desejável se medicamentar para praticamente tudo e com a promessa de solução rápida e verificável, mas no que tange aos antidepressivos há um paradoxo inconteste. Se por um lado há psicofármacos específicos e supostamente muito eficazes no tratamento da depressão, por outro nunca houve tantos deprimidos. Nas palavras de Peres:

Hoje pode-se tomar pílulas para dormir, emagrecer, manter a juventude, recuperar a memória, a atenção, melhorar o desempenho sexual e, o que é mais interessante, para atingir o bem-estar, ser mais produtivo no trabalho; em suma, para desfrutar felicidade. Curiosamente, vivemos também um momento onde a depressão ou as depressões se constituem como o mais intenso e dominante sofrimento íntimo do ser humano. Será essa a manifestação que mais nos fala do homem nesse final de século, que mais evidencia as mutações de nossa subjetividade [...] (PERES, 2002, p.100).

Ainda que os antidepressivos possam ser considerados a “psicoterapia concentrada e industrializada” (MACHADO; FERREIRA, 2014, p.142), há um elemento que não pode ser ignorado nessa matemática, “os antidepressivos não produzem cura, apenas aliviam os sintomas enquanto estão sendo regularmente administrados” (SOUZA, 1999, p.21).

Outro fator a ser considerado é a eficácia dos antidepressivos, pois por mais que os antidepressivos proporcionem alívio e melhora na qualidade de vida dos pacientes, alguns testes apontam que placebos também produzem efeitos parecidos. Segundo Souza: “Os antidepressivos produzem, em média, uma melhora dos sintomas depressivos de 60% a 70%, no prazo de um mês, enquanto a taxa de placebo é em torno de 30%.” (SOUZA, 1999, p.22).

Portanto, sem se aprofundar nas cercanias dos efeitos colaterais, e não são poucos os efeitos deletérios dos psicofármacos, tais como: “boca seca, queda de pressão, constipação, dificuldade para urinar, diminuição do interesse sexual, náuseas, dor de cabeça, insônia, diarreia, sedação, sonolência, entre outros” (MORENO; SOARES, 1999, p.26), há um problema mais direto: a ineficácia dos antidepressivos na cura da “doença” depressão e até mesmo dúvidas quanto ao alívio que proporcionaria o uso regular do remédio, conforme apontado por SOUZA (1999).

Sendo assim, se existem muito efeitos colaterais prováveis, se a medicação não proporciona cura, apenas alívio na medida da sua administração e se mesmo esse alívio está posto em xeque, em face dos resultados obtidos pelos placebos, qual seria alternativa à via medicamentosa? Seria essa alternativa de caráter exclusivista ou sinergético?

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Psicólogo Domingos

Atuo com um sistema de psicoterapia bastante eficaz e integrativa, que torna o proceso terapêutico mais enxuto e produtivo, adequando-se a cada paciente.

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Domingos Fernandes - Doctoralia.com.br