Depressão, a doença do século! Será mesmo?

4/6 Depressão, a doença do século! Será mesmo?

15/11/2019

Este post é a quarta parte de um artigo de autoria do Psicólogo Domingos.
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Risco de Suicídio

Mas depressão leva mesmo ao suicídio? Para responder a essa questão, é fundamental lançar mão dos dados estatísticos da OMS e de autores referência nas pesquisas entre a relação depressão x suicídio.

E neste viés, pode-se verificar que de acordo com a OMS (2000), o índice de suicídio vem crescendo nas últimas décadas, dados estes atestados por Botega que assevera que: [...] “em termos globais, a morte por suicídio aumentou 60% nos últimos 45 anos, passando a ocupar a terceira posição na lista das causas mais frequentes de falecimento da população entre 15 e 44 anos” [...] (BOTEGA, 2007, p.7).

Mas como se define o suicídio? Para o sociólogo Émile Durkheim o suicídio é “todo o caso de morte que resulta, direta ou indiretamente, de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vítima, ato que a vítima sabia dever produzir esse resultado” (DURKHEIM, 2003, p. 15).

Contudo, se essa pode ser a definição de suicídio, o processo pelo qual um ser humano constrói essa suposta solução ou desfecho para si, é um fenômeno complexo, com muitas camadas, atravessamentos e é composto por diversos fatores. Dentro desse multifacetado mecanismo de entrelaçamentos, destaca-se a depressão como uma causa muito associada ao suicídio.

De acordo com Chachamovich e Turecki (2009), a associação entre as psicopatologias e o suicídio tem sido largamente estudada, destacando-se os diagnósticos de depressão maior (TDM). Tais achados parecem ser confirmados em diferentes desenhos metodológicos e em distintas populações.

Alguns autores são ainda mais categóricos na associação entre depressão e suicídio, alegando existir a possibilidade de uma relação quase que de consequência exclusiva, ou seja, de o suicídio ser um sintoma direto e exclusivo da depressão, tal como indicado por Vieira e Coutinho:

A relação, entre suicídio e depressão, é estreita, a ponto de o primeiro ser, ainda hoje, considerado, por muitos, um sintoma ou uma consequência exclusiva do segundo. De fato, a importância da associação entre eles é um dos dados mais conhecidos e replicados na literatura psiquiátrica. Além disso, o comportamento suicida é frequentemente considerado um dos sintomas característicos, senão específico, dessa doença, mesmo nos grandes sistemas nosográficos de classificação [...] (VIEIRA; COUTINHO, 2010, p.177).

Os dados estatísticos da Organização Mundial de Saúde (2017), indicam que o suicídio, geralmente, aparece associado a doenças mentais, sendo a mais comum, “a depressão, responsável por 30% dos casos relatados em todo o mundo” (OMS, 2017, p.61).

No entanto, ainda que a depressão exerça um impacto considerável na construção do suicídio, não se pode ignorar que este é um fenômeno amplo, e restringi-lo a uma associação direta e exclusiva com a depressão soa como reducionismo da visão bio/fisiologista presente na categorização da depressão como doença, visão esta já enfrentada e afastada. Destaca-se a declaração de Botega e Werlang:

Não obstante o suicídio envolve questões sócio-culturais, genéticas, psicodinâmicas, filosófico-existenciais e ambientais, na quase totalidade dos casos o transtorno mental é um fator vulnerabilizador, quando somado a outros fatores. (BOTEGA E WERLANG, 2006, p.218)

De todo modo, ainda que não seja o único fator nesse emaranhado que desemboca no suicídio, não se pode ignorar a associação existente entre este e a depressão. O risco do suicídio em casos de depressão precisa ser observado com atenção e responsabilidade, pois ele aumenta muito:

[...] mais de 20 vezes em indivíduos com episódio depressivo, sendo maior ainda em pessoas com comorbidades com outros transtornos psiquiátricos ou doenças clínicas. Dados mostram que, aproximadamente, metade dos indivíduos – que faleceram por suicídio – estava sofrendo de depressão; se considerarmos os indivíduos com outros transtornos mentais, para os quais a sintomatologia depressiva era central, como nos transtornos de ajustamento com sintomas depressivos, a porcentagem sobe para cerca de 80% (BOTEGA; WERLANG, 2006, p.219).

Resta evidenciado então, que há uma associação entre depressão e suicídio, com uma proximidade bem acentuada e com riscos muito danosos, que não podem ser ignorados. Para um trabalho que aborde a depressão, o suicídio é um elemento a ser abordado inevitavelmente; e igualmente ao se adentrar nos liames do tema do suicídio a depressão precisará ser considerada.

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Psicólogo Domingos

Atuo com um sistema de psicoterapia bastante eficaz e integrativa, que torna o proceso terapêutico mais enxuto e produtivo, adequando-se a cada paciente.

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Domingos Fernandes - Doctoralia.com.br